Hoje lembrei-me do teu olhar. Não era um olhar qualquer. Era como aquele "sorriso" para o Eugénio: apetecia entrar nele, correr, navegar, morrer naquele olhar. Foi um olhar que durou meses. Comunicávamos quase só assim. O primeiro olhar do dia vinha acompanhado por um cumprimento verbal: "salut!" (vim mais tarde a saber que, os meus "saluts", seriam mais prolongados que o normal). Contudo, a verdadeira comunicação não precisava de palavras. Aquele olhar trazia histórias e razões compreendidas só por nós.
As palavras, no início, atrapalhavam. Lembro-me da primeira vez que fui ter contigo, depois da nossa comunicação não verbal: - "Desculpa mas podes falar mais devagar?". As vezes seguintes fluiam mais rapidamente, sempre com o teu sorriso irónico presente, provocado pelas minhas estúpidas incorrecções francesas.
Hoje lembrei-me do último momento em que te vi: partias com um ar tranquilo. E, a tua mala de professor, segura pelos dedos da tua mão direita, balançava ao sabor do teu caminhar.
Hoje lembrei-me de ti e tive saudades!
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