segunda-feira, abril 10, 2006

Resumo da estadia como assistente

Aquele que irá a caminho da Embaixada.
Aqui fica para quem tiver paciência para ler ou simplesmente para ficar guardado entre as minhas coisas...

A notícia de que teria sido colocada, como assistente, num liceu de Limoges ocorreu por volta do dia 15 de Setembro. A partir dessa data comecei a preparar todo o material necessário e a procurar todas as informações possiveis sobre Limoges. O "arrêté de nomination" com o contacto do Rectorat e do liceu tardou a chegar e, quando chegou, foram necessários uns cinco dias para conseguir falar com alguém que me pudesse dar as indicações necessárias antes da minha partida.

O dia 11 de Outubro foi o dia da minha chegada a Limoges. Depois de assinadas algumas papeladas, na secretaria do liceu, M.Proviseur-Adjoint muito amavelmente, levou-me até ao alojamento que me teriam destinado. Um apartamento dos anos 60 ou 70, com alguma falta de condições, onde viria a co-habitar com o assistente alemão e uma assistente de espanhol.

O apartamento não estava servido de qualquer loiça, nem de qualquer material de limpeza. Tudo o faltava foi adquirido por nós, assistentes. Mas, o maior problema verificou-se com as tomadas eléctricas da cozinha: não teriam a força necessária para suportar mais do que uma placa eléctrica para cozinhar. Foram, apesar de tudo, problemas que superámos sem grandes dificuldades. Com um apartamento ao nosso lado onde ficariam também três assistentes, o convívio fez-nos esquecer qualquer vontade de sair dali. Há ainda a acrescentar que tinhamos acesso gratuito a uma lavandaria. Consta que seremos nós os últimos arrendatários daquele espaço.

Tive como liceu principal o Lycée Gay Lussac. Trata-se de um liceu no centro da cidade e, como tal, os alunos que ali estudam pertencem a famílias com um nível social e cultural elevado. é um liceu bem conceituado sem grandes histórias de problemas com os alunos. Sendo o único liceu da cidade que ensina oficialmente o "português", os alunos que escolhem aprender a língua têm prioridade em aqui se matricular. No total existem cento e trinta alunos que aprendem a língua matriculados em português, como terceira língua e dez como segunda língua estrangeira.

O meu trabalho como assistente consistiu em trabalhar a língua oral uma hora por semana com grupos de alunos de cada turma. Tive três turmas do 2nde, uma do 1ère e uma do Terminal. O conteúdo das aulas era sempre discutido com a professora responsável Mme Maubeau Barreto. Quanto aos alunos, o interesse era variável: havia alunos em que para eles tudo era interessante e havia os outros sempre descontentes, como em cada disciplina, julgo eu. A verdade é que nunca tive grandes problemas nas aulas, tentando sempre ensinar de uma forma divertida a minha língua materna. Durante as aulas propus diferentes temas como a indicação de direcções, as diferentes áreas turísticas de Portugal, palavras-cruzadas, uma canção de Rui Veloso, a árvore genealógica ou a comparação entre as expressões idiomáticas portuguesas e francesas. Montei ainda uma exposição, no CDI do liceu, que teve como tema os Descobrimentos Portugueses: 30 posters que documentam as diferentes viagens dos diferentes navegadores portugueses. Exposição esta que pertence a Mme Maubeau Barreto.

Como segundo liceu, tive o Lycée Suzanne Valadon. Tinha como duração de trabalho duas horas por semana no meu "arrêté de nomination", mas viria a leccionar simplesmente uma hora. Estudam ali alunos luso-descendentes e, não sendo o português uma língua oficialmente ensinada no liceu, eu me ocuparia as duas horas com eles, se assim tivessem essa vontade. Acabei por ter apenas uma aluna do Terminal, que pela disponibilidade do seu horário, apenas a encontraria uma hora por semana.

Nas últimas semanas, com a crise do CPE, o meu liceu principal era constantemente fechado a cadeado ou, não sendo fechado, os alunos simplesmente não apareciam. Assim, contam-se pelos dedos de uma mão as horas que trabalhei durante as três últimas semanas.

Como balanço final, poderei dizer que se tratou de uma experiência francamente positiva: o meu "francês" melhorou bastante, a relação com os outros professores e assistentes foi extremamente agradável. Largar tudo e ir para o estrangeiro completamente sozinha é uma experiência única. Conhecem-se hábitos completamente diferentes da nossa cultura e a necessidade de sobrevivência leva-nos a crescer e a abrir os nossos horizontes de uma forma indescritível.

quarta-feira, abril 05, 2006

Ontem vesti a camisola de francesa e fui para as ruas também gritar: "Retrait, retrait, retrait du CPE". Já se trata de um autêntico braço de ferro entre governo e população. Cada lado quer mostrar que é mais forte do que o outro.
Sou a favor de manifestações e de mostras de desagrado, mas já me parece um exagero os alunos continuarem a votar por trancarem o liceu. Ao fim de 3 semanas começa mesmo a ser ridiculo.

segunda-feira, abril 03, 2006

1 mensagem no meu "Mini Dictionnaire"

"Chère Cláudia,
merci pour cette époque que l'on a passé ensemble. Elle était la plus heureuse de ma vie.
Bisous, Martin."
Provavelmente a minha também Martin, provavelmente...